Outubro de 2025 entrou para a história do varejo brasileiro. A crise do metanol abalou o mercado de bebidas alcoólicas e redefiniu a forma como os brasileiros escolhem onde comprar.
Enquanto bares perderam até 80% das vendas de destilados nas últimas duas semanas, os supermercados se consolidaram como o canal mais confiável e seguro. O motivo? Rastreabilidade, controle e credibilidade — pilares que o setor construiu ao longo de anos.
O início da crise: quando o problema saiu do controle
O surto começou discretamente no fim de agosto, mas explodiu em setembro, quando os primeiros casos graves surgiram em São Paulo. Logo se descobriu uma rede de fábricas clandestinas e bebidas adulteradas com metanol, um álcool altamente tóxico.
O resultado foi devastador:
- Queda de 34% nas vendas de gin, vodka e whisky na Grande São Paulo
- Redução média de 29% nas vendas nacionais de destilados
- Bares e restaurantes registrando até 60% menos pedidos de drinks
Uma pesquisa mostrou que 54% dos consumidores diminuíram o consumo de bebidas alcoólicas e 11% pararam totalmente de beber. Para 95% dos entrevistados, trata-se de um grave problema de saúde pública que exige mais fiscalização.
A virada do jogo: supermercados ganham a confiança do consumidor
Em meio ao medo e à desconfiança, os consumidores voltaram seus olhos para o varejo mais estruturado e seguro: os supermercados.
Segundo a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj):
- 28,4% dos cariocas afirmaram que o supermercado é o local mais seguro para comprar bebidas.
- 38,8% continuam consumindo, mas só conferindo marcas e procedência — algo que só o supermercado pode garantir.
A Associação Paulista de Supermercados (APAS) reforça: o setor possui processos rígidos de rastreabilidade e controle de qualidade, tornando-se referência em segurança e transparência.
Dados que comprovam a diferença
A Scanntech, que monitora mais de 13,5 bilhões de notas de compra, revelou:
- Mesmo em supermercados, a desconfiança fez a vendas de destilados caírem 11% no Brasil e 15% na Grande São Paulo.
- Em bares e adegas, o impacto foi muito maior do que em supermercados.
O fator decisivo? Confiança na procedência. O cliente sabe que no supermercado há nota fiscal, fornecedor homologado e rastreamento de lote.
O sistema de segurança dos supermercados
Três pilares sustentam a confiança do setor:
- Compra direta de fabricantes ou distribuidores homologados
Redes como Carrefour, Assaí e GPA compram diretamente das indústrias ou de distribuidores certificados, garantindo autenticidade e qualidade. - Rastreabilidade total
Cada garrafa é identificada por lote, nota fiscal e código. Isso permite identificar rapidamente qualquer produto irregular. - Fiscalização constante
Supermercados são auditados por órgãos como Procon, Vigilância Sanitária e Ministério da Agricultura, o que assegura um controle contínuo da qualidade.
Crise como oportunidade: como os supermercados devem reagir
Mesmo em meio à crise, há uma grande oportunidade de fortalecimento de marca. Os supermercados que comunicam confiança e transparência ganham espaço rapidamente.
Exemplos de boas práticas:
- GPA, Savegnago, Vanguarda, Muffato e Koch usaram redes sociais para reforçar sua política de procedência.
- Campanhas destacaram rastreabilidade e comprometimento com fornecedores oficiais.
Para consolidar essa imagem, supermercados podem:
- Colocar cartazes e QR Codes nas gôndolas com informações de origem dos produtos.
- Treinar equipes para explicar o processo de compra e rastreamento ao consumidor.
- Exibir notas fiscais quando solicitado, reforçando a transparência.
Supermercado vs. conveniência: a batalha pela confiança
A crise expôs a grande diferença entre comerciantes informais e redes estruturadas.
Conveniências menores frequentemente trabalham com distribuidores de procedência duvidosa, sem controle de lote ou rastreabilidade. Supermercados, ao contrário, possuem escala, estrutura e controle centralizado — um diferencial competitivo poderoso.
Na pesquisa da Asserj:
- 47,8% dos consumidores passaram a comprar apenas marcas conhecidas.
- 28,4% confiam exclusivamente em supermercados de credibilidade.
A mensagem é clara: procedência importa mais que conveniência.
Ações essenciais para donos e gestores de supermercados
Para proteger a imagem e ampliar a confiança do público, siga essas recomendações imediatas:
- Comunique ativamente sua procedência
Use painéis e redes sociais para destacar o compromisso com fornecedores homologados. - Treine sua equipe
Garanta que todos saibam explicar os processos de rastreabilidade e fiscalização. - Transparência total
Mostre notas fiscais e documentos de origem se solicitado. - Audite seus fornecedores
Exija CNPJ ativo e homologação de todos os distribuidores. - Aposte em tecnologia
QR Codes informativos trazem credibilidade e engajam o cliente de forma moderna.
Conclusão: um novo capítulo para o varejo alimentar
A crise do metanol revelou o lado obscuro do mercado informal, mas também consolidou o supermercado como símbolo de segurança e transparência.
Agora, o consumidor busca mais do que preço: quer confiança, rastreabilidade e responsabilidade.
Os supermercados que entenderem isso e comunicarem com clareza sairão dessa crise fortalecidos — com uma vantagem duradoura no mercado.
Saiba como negociar com seus fornecedores e garantir mais confiança aos seus consumidores com os Acordos Comerciais da Intersolid.
Fontes: Ministério da Saúde, Scanntech, Abrasel, APAS, Asserj, G1, InfoMoney, CNN Brasil e Gazeta do Povo — dados coletados até 20/10/2025.