Você já se perguntou como aquela febre dos jogos de azar online, tipo o “Jogo do Tigrinho”, está afetando o seu bolso e as prateleiras dos supermercados? A verdade é que o rugido desse felino virtual está cada vez mais alto no Brasil, e os dados de 2025 mostram que o impacto no seu carrinho de compras é real e preocupante.
O dinheiro que antes ia para o essencial, agora está sendo, em parte, desviado para as apostas. Vamos entender melhor esse cenário.
O Cenário Pré-Tigrinho x Pós-Tigrinho: Uma Mudança Preocupante nos Gastos
Antes do boom dos cassinos online, o gasto dos brasileiros com apostas era bem menor. Mas agora, a situação é outra. Projeções e relatórios de 2025 indicam que o mercado de apostas online no Brasil deve movimentar algo entre R$100 bilhões e R$120 bilhões anualmente. O Banco Central, inclusive, informou em abril de 2025 que os apostadores estão destinando até R$30 bilhões por mês a essas “bets”.
Essa mudança brusca no comportamento de consumo tem uma consequência direta: menos dinheiro sobrando para a alimentação e outros itens de primeira necessidade. Um estudo de janeiro de 2025 revelou que, só em 2024, o mercado de apostas online movimentou R$240 bilhões e, o mais alarmante, 1,8 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes por causa das apostas.
As famílias de baixa renda são as mais prejudicadas, com a inadimplência subindo de 26% em janeiro para quase 30% em dezembro de 2024. Há dados que indicam que, em apenas um mês, mais de cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$3 bilhões com apostas. É um volume gigantesco de dinheiro saindo da economia real e, claro, do comércio varejista.
Supermercados Sentem o Golpe: Números que Acendem o Alerta
A ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados) e a APAS (Associação Paulista de Supermercados) têm acompanhado de perto os efeitos dessa nova realidade. Apesar de uma projeção de crescimento de 2% a 4% para o setor supermercadista em 2025, há uma preocupação constante com a inflação e a capacidade de compra do consumidor.
Embora o gasto com alimentação seja uma despesa básica e essencial, os jogos de azar online competem diretamente com esse orçamento. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) e outras entidades apontam que o vício em apostas tem impactado diretamente o consumo de bens e serviços, gerando perdas financeiras significativas para o varejo. A falta de controle financeiro dos apostadores reduz o poder de compra e sacrifica gastos essenciais, incluindo os em supermercados.
A Regulamentação de 2025: Um Passo para o Controle?
Desde 1º de janeiro de 2025, a Lei nº 14.790/2023, que regulamenta as apostas esportivas no Brasil, está em pleno vapor. Novas regras foram implementadas, autorizando 66 empresas de apostas a operar legalmente e, pela primeira vez, impondo a tributação de 15% sobre os ganhos dos apostadores.
O Ministério da Fazenda também tem trabalhado em medidas de proteção aos apostadores. Já estão valendo restrições de meios de pagamento (proibindo o uso de cartões de crédito para apostas), exigência de identificação por CPF, reconhecimento facial dos jogadores e verificação de idade para evitar o acesso de menores de 18 anos. A Portaria nº 1.231, de 2024, da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, inclui normas de jogo responsável para tentar minimizar os problemas.
Apesar da regulamentação, o varejo nacional, em 2025, precisará se adaptar a essa nova realidade e buscar estratégias para reconquistar o consumidor. A conscientização financeira da população e a eficácia das novas regras serão cruciais para amenizar os impactos negativos.
As Consequências Sociais e Econômicas do Vício Persistem
O problema vai muito além das vendas dos supermercados. A facilidade de acesso aos jogos de azar online, aliada à promessa de enriquecimento rápido, tem levado muitas pessoas ao endividamento e ao vício. Há relatos de apostadores que recorrem a empréstimos com amigos, familiares, bancos e até agiotas para cobrir as perdas.
Essa situação impacta diretamente a saúde financeira e mental das famílias, reduzindo o poder de compra e comprometendo a qualidade de vida. O dinheiro que deveria ser usado para alimentação nutritiva, educação dos filhos e cuidados com a saúde, muitas vezes, é perdido na ilusão de um ganho fácil que raramente se concretiza.
O Que Fazer Diante Desse Cenário?
Para o setor supermercadista e para a sociedade em geral, a busca por soluções é contínua. A conscientização sobre os riscos dos jogos de azar é um passo fundamental. É essencial que os consumidores entendam que o “Jogo do Tigrinho” e outros jogos de azar online não são fontes de renda, mas sim atividades de alto risco que podem comprometer seriamente o orçamento familiar.
A prioridade deve ser sempre a segurança financeira e o bem-estar das famílias, garantindo que o essencial não seja sacrificado em nome de uma aposta.